Saturday, July 26, 2014

1966 Radio stations - Alberto Moravi

By 1966, Radio in São Paulo was highly multi-cultural. Due to the 1963-1964 'invasion' of Italian pop music plus the advancent of Brazilian pop music (called by its acronym MPB) and Brazilian rock which went by the quaint name of 'ié-ié-ié' aka Jovem Guarda, radio shows were more and more varied. 

TV Tupi, Channel 4, started beaming on Wednesday nights, a compound of 'Studio Uno', the Italian top variety show compered by Mina and the German Kessler Twins. TV Tupi also showed American TV 'Shindig' on Saturday evenings. 

Out of the blue, São Paulo's Journalist Union entered a plea with the Judiciary to ban all foreign musical shows due to their unfair competion with the local product. By the end of 1966, all foreign musical TV or radio shows were utterly banned

German Twins Ellen & Alice Kessler were the darlings of Italian TV and could be seen on TV Tupi every Wednesday night until such programmes were banned by the Government.

Here's a list of the most played hits on Alberto Moravi's 'Discômetro Mundial' on Radio Tupi, the most popular radio station then. As Moravi hardly spoke Portuguese, his programme ended up being banned for the same reasons the TV shows were lifted from the air: unfair competition with the local productions. In Moravi's case the production was done in São Paulo, but they claimed he was a 'foreigner taking away Brazilian jobs'. 

'Discômetro Mundial' was such a fantastic show from 9:00 to 10:00 AM. DJ Alberto Moravi played his private 45 rpm collection he had been sent from Europe and USA. He would play Rita Pavone singing in German (Peppino aus Torino), Roberto Carlos in Spanish (Mi cacharrito), Cliff Richards in Spanish (Maria Nomás), The Beatles in German (Kom gib mir deine Hand) and the latest hits by Trini Lopez, Richard Anthony etc. that were not released in the country yet.
Radio America belonged to Radio Bandeirantes and as the management realized the growth of the youth oriented market they launched a new programming based on the Top-40 US radio stations aimed at that youth market: young DJs João Paulo de Andrade, Ferreira Martins and Jorge Helau filled the 12:00 noon to 6:00 PM slot. 'Intervalo' November 1966. 

'Discômetro Mundial', da Radio Tupi, 2a. a 6a. das 9:00 às 10:00 hs.

Marcia Sedaka enviou-me pelo WhatsApp em 19 July 2022, o video de 'Okay, okay', a versão alemã de 'La partita di pallone'. Ela mostrou-se surpresa da italianinha cantar em alemão. Eu respondi: Rita Pavone gravou algumas boas músicas em alemão; vou te mandar minhas 2 favoritas, que são 'Bye bye blue Jeans' e 'Peppino aus Torino', lados A & B de um 45 rpm de 1964, que chegou a tocar aqui no rádio de São Paulo.

Rita gravou em alemão logo no início da sua carreira, antes mesmo de gravar in English; isso pois seu empresário falava alemão. Ferruccio Ricordi (Teddy Reno) nasceu em Triestre. Seu pai, Giorgio Merk, industrialista, seguramente falava a língua de Goethe e a mãe, sendo judia, possivelmente falasse o Yidische ou mesmo o alemão. Talvez a família usasse alemão domésticamente e Ferruccio cresceu bi-lingue. 

É interessante como essas famílias bi ou tri-lingues acabavam passando conhecimento de mais de uma lingua aos seus filhos. Eydie Gorme cantava espanhol sem sotaque pois a mãe (Sedaka) judia Sephardita (originalmente da Turquia) falava o Ladino (espanhol). Já, seu primo Neil Sedaka, cuja mãe era judia Askenasi ensinou Yidische ao filho.

'Peppino aus Torino' (Zézinho de Turin) foi escrita por Heinz Buchholz & Günter Loose especialmente pra ela. Começa com Frankie boy (Sinatra) telefonando de Hollywood e die Beatles a convidando para ser o 5o membro. Cassius Clay, Maurice Chevalier, Charles Chaplin e Elvis Presley são fãs da mocinha, mas o Zezinho de Turin, de quem ela realmente gosta, não está nem aí. 

Doris Castro: Lu, em qual emissora de rádio que você ouvia a Rita cantando em alemão? Depois de 1964, passado o 'furacão Pavone', eu só lembro de ouvi-la na Rádio Cultura, cantando "Questo nostro amore" e nada mais. Só vim saber que ela havia gravado em alemão quando conheci o Fábio, em 1987.

Rita em alemão, espanhol e inglês tocava na Radio Tupi de São Paulo, que tinha em Helio Ribeiro seu diretor artístico, tendo ele revolucionado a maneira de se fazer 'Top 40 radio'. Havia um programa diário, das 9:00 às 10:00 chamado 'Discômetro Mundial', apresentado por um DJ uruguayo (ou argentino?) chamado Alberto Moraví, no qual ele tocava sua coleção particular de 45 rpms que ele renovava constantemente recebendo novas remessas da Europa. Esse programa durou uns 6 meses, mais ou menos. 

A Silvia Jentsch também o escutava (antes de eu conhecê-la). Ela conseguiu a peripécia de gravar a voz do DJ no momento em que ele anunciava 'Bye bye blue Jeans' requisitada por ela (não me lembro se por telefone ou correio). Não posso precisar as datas da duração desse programa, mas acho que foi no início de 1966, no auge da 'Jovem Guarda' (que começara em 22 Agosto 1965). 

Alberto Moraví falava em espanhol, pois não sabia falar português. Foi na mesma época que a TV Tupi apresentava 'Studio Uno' nas noites de quarta-feira. Acho que cheguei a faltar das aulas de ginásio para ver aquela maravilha.

Alberto Maraví sempre traduzia os títulos das músicas da Rita ('Adiós, pantalones azules' era 'Bye bye blue Jeans') e de outros artitas cantando em línguas diferentes. Cliff Richard em espanhol, Brenda Lee em alemão, Die Beatles em alemão - tocava as duas que eles gravaram em deustche: 'Sie liebe dich' e 'Komm gib mir die Hand'. O programa era sensacional.

No entanto, uma manhã, liguei o radio e não tinha mais! Mais tarde fiquei sabendo pela revista 'Melodias', que o Sindicato dos Jornalistas e Locutores do Estado de S.Paulo tinha entrado com uma liminar na Justiça para proibir que estrangeiros tirassem emprego de brasileiros.

Alberto Moraví perdeu seu emprego... nós perdemos nossa alegria. 'Studio Uno' foi proibido na TV também. Não sei como a TV Excelsior conseguiu exibir 'Stasera Rita' em 1967 (eu só vim a saber muitos anos depois)... já que havia uma proibição oficial contra apresentações desses programas. 

Alberto Moravi tocava muito as Gêmeas Kessler também, que estavam no auge com 'La notte è piccola' (muito sucesso no Sumaré)... tanto que a RGE lançou esse compacto, mas a Fermata bobeou e não lançou 'Un anno d'amore', a música mais bonita que Mina cantava em 'Studio Uno 65'.

1966 foi um ano ótimo para fãs de Rita Pavone, pois as revistas italianas para jovens começaram a aparecer por aqui; a gente não ouvia a Rita nas rádios, mas via suas fotos e podia ler até uma coluna semanal dela na 'Giovani'.1966, foi o ano que vc visitou Buenos Aires, não? 1967 ainda foi bom... até 'Questo nostro amore'... depois, no final, degringolou.

Doris Castro: Fantásticas estas tuas recordações, Lu! 

Eu escutava rádio diariamente das 8:00 da manhã até às 17:30; com intervalo entre meio-dia e 14:00, pois ia almoçar em casa, na Vila Madalena. Eu trabalhava no Laboratório Universal, na Teodoro Sampaio, 2112, na esquina com rua Simão Alvares. Passei 7 anos nessa rotina. É justamente por isso que eu posso dizer que acompanhei musicalmente a década de 60 inteira.

Alberto Moraví gostava muito do Trini Lopez...tocava "We'll sing in the sunshine" como "fundo musical"...ele era um entusiasta musical; "Maria Nomás" com Cliff Richard era um "must" também. 'Whipped cream', com Herb Alpert, traduzida como "Crema batida" tocava do começo ao fim do programa.

"Pido paz" (Just once more) tocava diariamente; "Te imploro amor" (Remember me) as vezes...tocou "Corazon" pelo menos 1 vez.

JUVENCIO, o Justiceiro do Sertão

Juvêncio, o Justiceiro do Sertão (Juvencio, Hinterland's Paladin) was a 15-minute radio-adventure-dramatization on Radio Piratininga in São Paulo that went to air at 18:45, just before the Federal Government's compulsory official 'Hora do Brasil' started.

It was a high-rating show that started in 1959, and kept its popularity up to the mid-1960s when the selling of TV sets went up greatly and the poorer section of the population had the choice to watch images instead of only listening to audio actions.

Juvêncio was a hero not too different from those in the American Old West. Juvêncio wore a mask to disguise his real identity, rode a faithful horse called Corisco and had a best friend in a boy called Juquinha who always helped him in his fight against out-laws and desperados.

Juvêncio had hill-billy accent... a mixture of an accent from Minas Gerais or São Paulo state and he usually mangled the Portuguese grammar all the time. 'Vancê' instead of 'você' (you) was common currency. The show would open with a ballad that went:"Goodbye my love, I am bound for the Hinterlands / If I never return I leave my heart with you / I am a Palladin and I fear no one / I face all kinds of dangers / I only fear my baby". Here are the original words:

Adeus morena, eu já vou indo p'ro sertão
se não voltar, deixo contigo o coração

Sou justiceiro, não tenho medo de ninguém
enfrento tudo sozinho, só tenho medo do meu bem.

Adalberto Amaral

Os bastidiores de 'Juvêncio, o Justiceiro do Sertão'

Adalberto Amaral, o menino Juquinha, companheiro de 'Juvêncio, o Justiceiro do Sertão', da Radio Piratininga entre 1959 e 1965, ainda trabalha em radio, em Descalvado-SP. Na Radio 8 de Setembro ocorreu o encontro entre ele e o escritor Marciano Vasques em 21 de Março de 2006.

MV: Conte-nos sobre aquela época.

AA: Estávamos nos anos 1960s. O mundo fervilhava em mudanças radicais de comportamento. No Brasil estávamos em 1961, e os jornais teciam noticias de uma guinada p'ro comunismo através de simpatias do presidente Jânio Quadros, ao oferecer a mais alta comenda do Brasil - a medalha Cruzeiro do Sul - à Ernesto Che Guevara, ministro de estado de Cuba. O vice-presidente João Goulart fazia uma viagem de aproximação cultural à China de Mao Tse Tung. Tanto o conservador 'Diário da Noite', de Assis Chateaubriand como o liberal 'Ultima Hora' de Samuel Wainer só falavam no assunto. Os cafés do centro de São Paulo, perto da Panair do Brasil, estavam sempre repletos de gente ávida por notícias. Jânio renunciou, o vice-presidente estando no exterior, foi barrado pelos militares de assumir o cargo. Três anos depois, em Março de 1964, a situação continuava tensa, com a TFP - Tradição, Família e Propriedade preparando uma passeata monstro que ficou conhecida como 'Marcha da Família com Deus pela Propriedade' denunciando o governo de Jango de comunista. A TV ainda engatinhava e o Radio ainda era o grande sucesso. A Radio Piratininga, na Rua 24 de Maio, comandava programas ao vivo, que eram retransmitidos por repetidoras e alcançavam quase todo Brasil.

MV: Fale um pouco da programação da Radio Piratininga.

AA:  Às 18 horas iniciava-se 'Terra Sempre Terra', programa sertanejo apresentado ao vivo. Nele cantavam os caipiras que mais tarde viriam a ser conhecidos internacionalmente. Duplas como Alvarenga & Ranchinho, Tonico & Tinoco, Cascatinha & Inhana, Pedro Bento & Zé da Estrada, Palmeira & Biá encantavam com suas vozes os entardeceres e inundavam de beleza o interior do Brasil através das ondas da Piratininga. Três quartos de hora após entrava no ar, em forma de seriado 'Juvêncio, o Justiceiro do Sertão'.

MV:  Como era feito o Juvêncio?

AA:  A trama era composta basicamente por 8 radio-atores que formavam o 'cast', 2 contra-regras e o operador-de-som, Machado Filho, carinhosamente chamado de 'equalizador de som'. O produtor era o Reynaldo Santos, autor da música 'Casinha pequenina', que foi transformada em filme colorido por Mazzaroppi. Era ele quem escrevia os episódios, e a letra da música de abertura, que era assim: Adeus morena, eu já vou indo p'ro sertão / se não voltar, deixo contigo o coração / Sou justiceiro, não tenho medo de ninguém / enfrento tudo sozinho, só tenho medo do meu bem.  Após a abertura, começava o seriado com um vozerio feito pelos atores ao mesmo tempo.  

MV: Pode nos relatar como eram as cenas?

AA: Uma das cenas mais comuns era de vários bandoleiros comandados pelo bandido Cicatriz (vivido por Geraldo Jacote), que esperavam no mato, para emboscar um viajante que tinha sido chamado pelo padre da cidadezinha para conter uma onda criminosa de assaltantes. Longe do microfone, o contra-regra amassava entre as mãos um pedaço de papel celofane que soava como passos no meio do mato. Irritado com o barulho feito pelos passos dos comparsas, Cicatriz diz: - Silêncio, cabras! Vamo pegá o forasteiro.

Ainda longe do microfone, o contra-regra bate com duas bandas de coco dentro de uma bacia de água - que dá o som de um cavalo andando pelo leito do rio. Para passar a cena ao ouvinte, o ator Vicente Lia, que fazia o papel de Juvêncio diz: - Oaa Corisco! Devagar. Vamo pelo rio que é p'ra não deixar pista p'ros bandoleiros. (Um acorde grave e curto e o sonoplasta colocava o relincho de um cavalo). 

Juvêncio: - Que foi, Corisco? (novo relincho do cavalo e o contra-regra desta vez faz movimentos repetidos e rápidos dentro da bacia de água). A voz de Cicatriz soa bem longe do microfone: - Agora, cabras! Atirem!

O sonoplasta colocava o som de vários tiros com o barulho de ricocheteio de balas. O som de relincho do cavalo dando a impressão de que o animal estava a cair na água. Entra a trilha-sonora e o locutor diz com a voz forte: - O que acontecerá? Ouçam amanhã neste mesmo horário... 'Juvêncio, o Justiceiro do Sertão'. 

Essa sequencia durava quinze minutos e sempre ficava no ar uma situação de perigo que seria resolvida no capítulo seguinte. Com essa técnica, prendia-se o ouvinte e o obrigava a acompanhar o desfecho da cena no dia seguinte. 

MV: Fale um pouco mais dos recursos disponíveis. 

AA:  Naquela época não se tinham os recursos de som de hoje. Havia um disco de vinil, importado dos Estados Unidos, que reproduzia alguns sons utilizados na novela: grilos, barulhos-de-tiro, relincho-de-cavalo, mas, a maioria dos sons era produzida no estúdio mesmo! Barulho de passos no mato eram conseguidos amassando-se papel celofane, também utilizado para reproduzir o som de uma fogueira. O som de trovão era produzido por meio de uma folha de zinco agitada violentamente. O som de tropel de vários cavalos era feito com as mãos batendo em compasso nas pernas. 

Porta da palhoça rangendo, enrolava-se uma folha de papel em lápis sextavado e girava ele bem apertado. Cavalo andando na água, se fazia batendo as palmas das mãos numa bacia d'água. O contra-regra detestava essa parte pois sempre saía molhado do estúdio. 

A gente recebia muitas cartas perguntado sobre o cavalo Corisco, que nunca existiu. A imaginação dos ouvintes era muito grande. 

As vezes, em cenas onde tínhamos uma festa na roça, alguns artistas se apresentavam tocando ao fundo, como Mario Zan, Nardelli e outros. 

Ao receberem um tiro, não bastava o radio-ator apenas gemer. Ele tinha que ilustrar a cena dizendo: 'Ah, o mardito do Juvêncio me acertô!' Esse era o segredo de passar ao radio-ouvinte o que estava acontecendo na cena.  Reinaldo Santos foi, sem dúvida, um grande mestre em escrever tudo isso. 

Quem entrasse num estúdio de gravação naquele tempo acharia tudo aquilo cômico, com tanta parafernália que os contra-regras inventavam para reproduzir os mais diversos sons para ilustrar a cena da novela radiofônica. Mas tudo era levado muito a sério, e tinha que dar tudo certo, pois as novelas eram transmitidas ao vivo. 

MV: O que acontecia quando o programa 'ao vivo' terminava?

AA: Terminada a novela o grupo ia ao Ponto Chic, um café que havia na Avenida São João, bem em frente ao Largo do Paissandú, conhecido como o Bar-dos-Artistas porque todas as 3as. feiras, reuniam-se ali muitos empresários de circo e de teatro do interior, que vinham ajustar os shows. Era comum se ver ali duplas como Leo Canhoto & Robertinho, que realizavam um show de bang-bang, Cascatinha & Inhana, Liu & Léo, mágicos, palhaços e outros artistas que faziam daquele estabelecimento um 'escritório' para acertar os futuros shows. O bar até possuía um reservado nos fundos para os mais famosos. Com o grupo do Juvêncio não era diferente. Era lá que se contratavam os espetáculos que seriam apresentados nos finais-de-semana em circos e teatros do interior paulista ou periferia de São Paulo. 

MV:  Por que acabou o Juvêncio?

AA:  Veio o Golpe Militar em Abril de 1964 e junto a censura severa à Imprensa e aos meios-de-comunicação. Os capítulos da novela passaram a serem escritos com muita antecipação e tinham que passar pelo crivo da Censura, que muitas vezes cortava cenas inteiras. A novela passou a ser gravada para posterior apresentação. Alguns anos mais tarde, em 1970, uma euforia tomava conta do país com a seleção-canarinho indo disputar a Copa do Mundo no México. Todo mundo cantava 'P'ra frente Brasil'. A censura continuava e o programa foi julgado impróprio para o horário, passando a ser transmitido às 6:00 da manhã. Mesmo assim, resistiu até o fechamento da emissora em 1974.

A radio-novela 'Juvêncio, Justiceiro do Sertão' era levada também aos circos montados na grande periferia de São Paulo e cidades do interior paulista. Entre 1959 e 1964 poucas famílias possuíam aparelho de TV em casa. Por isso os circos faziam muito sucesso; as pessoas saíam à noite de sexta, sábado e domingo. A apresentação de Juvêncio lotava esses pequenos templos de espetáculos, sendo a trama, geralmente, bem simples: um grupo de bandoleiros contratado por um fazendeiro ganancioso, exterminava os pequenos agricultores para lhes tomar as terras e agregá-las à fazenda dele.

A cena, montada no picadeiro, abria com uma moça chorando a morte do pai, assassinado pelos bandidos e o padre impotente diante da situação, pois todos estavam à mercê do latifundiário que dominava o pequeno povoado. Daí, o padre tem uma ideia brilhante de chamar Juvêncio, o Justiceiro do Sertão.

Apagam-se as luzes rapidamente e a cena dá lugar a um bar, onde os bandidos comemoram com muita pinga a morte do pequeno agricultor. A cena é ilustrada pelo palhaço, que faz o dono do bar e garçon, que invés de servir, bebe todas, fazendo piruetas e arrancando gargalhadas do público.

Chega Juvêncio. Após muita luta, socos e golpes de chicote desferidos pelo herói, os bandidos fogem. Juvêncio encontra-se com a filha do agricultor morto e promete fazer justiça.

Na cena final, Juvêncio se vê emboscado dentro de um bar, mas bate em todos eles, e acontece o esperado duelo com o bandido sacando a arma, mas Juvêncio sendo mais rápido, atira e mata o chefe dos bandidos.

Aconteceu certa ocasião, em um desses finais de cena, a arma do Juvêncio falhou, ou seja, o tiro de festim não saiu. Eu, que fazia o papel do bandido, não tinha saída, tinha que morrer. Levei a mão ao peito e caí no chão, esperando que o público relevasse a falha do tiro e apenas imaginasse. Gargalhada geral! Uns gritavam: 'Deu dor de barriga nele!' Outros diziam: 'Levanta, levanta!'

Vicente Lia, que fazia o Juvêncio, esperou os risos acalmarem e emendou o texto: 'Deus não quis que eu sujasse minhas mãos com teu sangue miserável. Por isso morreste de ataque cardíaco!

further information about the era given by Adalberto Amaral: 

Falando sobre a radionovela 'Juvencio, o Justiceiro do Sertão', não podemos a desassociar do jornalista, radialista e compositor Vicente Lia. Dono de uma voz grave e inconfundível, Vicente Lia viveu  personagem principal na Radio Piratininga, escrito por Reynaldo Santos, seu inseparável amigo.

Poucos sabem, entretanto, que Vicente Lia foi o autor de inúmeras paginas musicais, algumas em parceria e interpretadas por conhecidos artistas:

"Aí que tá", Alberto Calçada (1955);
"Baile moderno",Tião Carreiro;
"Chinita" P.Preto-Teddy Vieira-V.Lia), Pássaro Preto & Zé Ranchinho;
"O homem d'água" (cururú de Z.Fortuna-V.Lia) Zé Fortuna & Pitangueira (Mocambo-1957);
"Natal no sertão" (Reynaldo Santos-V.Lia), Nenete & Dorinho (RCA Camden-1968);
"Saudade que machuca" (Neno Silva-V.Lia), Zezinha (1955);
"Fogueira da saudade" (Claudio Miranda-V.Lia), Palmeira & Biá (RCA-1954);
"Baixa Italia" (Luizinho-Neno Silva-V.Lia) com Zezinha (RCA-1956)
"O ratinho" (Reynaldo Santos).
Juvêncio's cast in 1966; 'Melodias' magazine. 

'Revista do Radio' in 1958.
in 1959 'Revista do Radio' (no. 519) reports radio-actor Vicente Lia becomes the businees manager at Radio Piratininga. 
as late as 1963, 'Revista do Radio' (no.705) still reported on 'Juvêncio, o justiceiro do sertão' at 'Sao Paulo não para' column. 
Edna Regina era a Rosinha, namorada do Juvêncio 

Edna Regina era a radio-atriz que fazia o papel de Rosinha, a namoradinha do Juvêncio, além de ser locutora da Radio Piratininga. Nascida em 25 Janeiro 1934, Edna frequentou a escola de radio e teatro da famosa atriz Maria Vidal, aprendendo também a fazer publicidade radiofônica gravando jingles comerciais. Participou de muitas novelas da Radio São Paulo (Colgate-Palmolive) e Radio 9 de Julho. Depois do desaparecimento do radio-teatro Edna transferiu-se para o setor de dublagens de filmes de TV. Seu ultimo trabalho foi na Radio Aparecida, onde fez novelas religiosas. (Informações dadas por Katya Bonisch Costa, filha de Edna Regina).

leia mais em: http://radiopiratininga.blogspot.com.br/2010/07/vicente-lia-o-juvencio-o-justiceiro-do.html
'Melodias' # 129, June 1968.
Radio Piratininga's daily shows circa 1967.
Reinaldo Santos, the man who invented Juvêncio and produced the radio show. 
Radio producer Reinaldo Santos writes at 'Melodias' magazine how 'Juvencio, o Justiceiro do Sertão' came to be. Reinaldo says he used to produce parts of a show at Radio Piratininga called 'Terra, sempre terra'. In the mid-50s, Reinaldo left São Paulo for Rio de Janeiro-DF where he worked at Radio Globo but not really being happy there he soon returned to his hometown and went back to work for B-6 (Radio Piratininga). Reinaldo actually doesn't tell the whole truth of how he came up with the idea of starting a 15 minute radio-drama telling the story of a folk hero called Juvêncio. 

Since September 1953, Radio Nacional beamed 'Jerônimo, herói do sertão', a 20-minute radio-drama (novela) devised by Moysés Weltman. It was broadcast 5 days a week - Monday through Friday at 6:35 pm just before 'A Voz do Brasil', a mandatory 1-hour news bulletin from the federal government would take hold of the whole country. 'Jerônimo' soon became really popular among common people many of whom hailed from the country-side. 
Milton Rangel the man who lent his voice to Jerônimo, at 'A Noite', 1955.
14 October 1954 - 'A Noite' (Rio de Janeiro-DF).

Programas sertanejos apresentados pela TV Paulista nos anos 1950s

1. 'Sinhá das Dôres' novela-sertaneja written by Cardoso Silva from Wed to Sat. (1952)
2. 'Alvarenga & Ranchinho' Tuesdays at 9:00 pm (1952-1953)
3. 'Festa na varanda' sertanejo variety commanded by Nhô Zé on Mondays, 7:30 pm (1957)

Juvêncio no Orkut

Durante os tempos de Orkut havia uma comunidade sobre Juvêncio, o Justiceiro do Sertão, que tinha muitos membros. Aqui há um diálogo entre os antigos fãs do Juvêncio, conversando sobre aqueles tempos.

Célia Dantas - 5 August 2007 - Eu era bem criança, ouvia a novelinha e ficava imaginando o cavalo pisando na vegetação. O Juvêncio eu imaginava um galã!!

Washington José - 7 August 2007 - 'Juvêncio contra o bandido da Sela da Morte' - tinha o Coroné Genolino, que quando morreu ficou assombrando o pessoal. O Zé do Cariri parece que enlouqueceu e ficou gritando: 'Coroné Genolino! Coroné Genolino!

O Zé do Cariri dizia: 'Eu sou o Zé do Cariri, e onde tem bandoleiro, Zé do Cariri tá lá p'ra cutucá o imbigo do cabra com minha pexêra!

Voltando ao Zé do Cariri, houve uma cena engraçada, em que ele diz ao cavalo Corisco: 'Óia aqui Corisco, eu sou o Zé do Cariri! De-repente o Corisco começou a relinchar e empinou e o Zé do Cariri ficou com medo. Esse dia nós rimos bastante, foi muito engraçado!

Washington José - 7 August 2007 - Juvêncio contra o Corrupião da Morte - Tinha o Chico Pedreira, que era casado com a filha da Nhá Tuca. Num dos capítulos o Chico Pedreira mata a Nhá Tuca. Chico e os comparsas queriam pendurar o Juvêncio numa árvore.

Lembro-me de uma história em que os bandoleiros amarraram o Juvêncio e o deixaram numa gruta. De-repente aparece uma cobra. Pena que eu não lembro como foi o desfecho. Ficamos aguardando no maior suspense. Apareceu a cobra e mudou a cena. Daí em diante eu me perdi. Alguém poderia me dizer qual foi o desfecho dessa história?

Adalberto Amaral - 19 August 2007 - Eu me lembro vagamente desse capítulo. Mais da gruta. Vou tentar me lembrar e depois te falo.
Washington José: 17 October 2007 - Numa das histórias havia um personagem de nome Pele de Onça. Ele era do bem, era bandoleiro ou jogava nos dois lados?

Washington José: 4 March 2008 - O Juvêncio descia porrada nos bandoleiros e falava: 'Toma, toma!'

Washington José: 31 May 2008 - Estava difícil de lembrar das histórias, mas consegui me lembrar de mais uma. Não sei se era 'Juvêncio contra o bando do Capitão da Mata'. Encontram um sujeito e o chamam de Matreiro. Este falava rouco, gritado e em castelhano. Lembro de, as vezes, ouvi-lo citar o Capitán de la mata...

Nelson Arjona (Carrão) - 31 May 2008 - Essa história eu acompanhei! Não me lembro como terminou, mas lembro vagamente do seriado.

Washington José - 10 June 2008 - Falou, Nelson. Me dá uma ajuda! O tal Capitão da Mata abandonou os próprios comparsas e passou a colaborar com o Juvêncio. Foi isso?

Carlus Maximus - 16 August 2008 - de todo mundo aqui, o Washington é o que tem memória mais afiada. Você se lembra de detalhes incríveis, falas, sons etc. Eu só queria saber o nome da música clássica que abria a novela. Não estou falando da balada cantada, mas da música cinematográfica que abria e fechava o Juvêncio... tcham tcham tcham...

Washington José - 17 August 2008 - Opa! Valeu, Carlus! Naquele tempo eu não conhecia música classica. Em 1967, eu tinha 10 ou 11 anos, vi uma propaganda de coleção sobre compositores clássicos, os mestres. Foi a 1a. informação a respeito desse assunto. Não consigo lembrar da música instrumental. Mas acredito que um sonoplasta tenha preferência por determinadas músicas. Existe uma com nome de cavalgada de Gioachino Rossini, que foi tema do filme 'Laranja mecânica', ou até mesmo a 5a. de Beethoven.

Adalberto Amaral - 17 July 2007 - Em 1957, Neno Silva e Vicente Lia gravaram a toada 'O crime de Pedrinho' e outra chamada 'Sino da capelinha' para a novela. No mesmo ano foi gravado o LP 'Natal Sertanejo'. Na faixa 20 do disco 'Baile moderno', de Vicente Lia e Teddy Vieira, interpretada por Laranjinha & Zequinha. No disco ainda tinha Luiz Gonzaga, Coronel Barduíno, Capital Furtado, Tonico & Tinoco.

Katya Bonisch Costa - 1 January 2010 - Elenco de Juvêncio:  Vicente Lia (Juvêncio), Edna Regina (Rosinha), Rosalia Montefusco, Rosa Maria, José Francisco, o advogado; Reynaldo Santos, o escritor. Não podendo faltar o Juquinha, que foram vários, além do Adalberto Amaral. O primeiro Juquinha foi o Wanderley Cardoso. Tema da novela: 'O vingador' de Reynaldo Santos.
Vicente Lia em foto publicada na revista 'Melodias' de Maio 1962. A revista errou o título da novelinha, que era 'Juvêncio, o Justiceiro do Sertão' (não 'vingador'). Mas note que o horário está correto. A maioria das pessoas acham que a novela tinha meia-hora, mas na verdade ela tinha apenas 15 minutos. Ela começava exatamente 15 minutos antes da 'Hora do Brasil'. 

Vila Carioca, ano 1962. No início dos anos 60s, umas das diversões da garotada da Vila Carioca era ouvir, pela Rádio Piratininga, a PRB-6, histórias do "Juvêncio, o justiceiro do sertão". Assim que acabava a novela, a gente se reunia e cada um falava sobre o capítulo, já imaginando o próximo.

Recordo-me somente de dois personagens: o próprio Juvêncio e o Juquinha. A sonoplastia, se eu não me engano, botava um cavalo troteando, tocavam uma música na abertura e encerrava com outra.

Em 1962, fui trabalhar num escritório de representações comerciais na Rua 24 de Maio, 208, 12.º andar. A Radio Piratininga ficava no 10.º andar. Um dia, quando descia pelo elevador ouvi comentário do ascensorista, com uma pessoa que entrara no 10.º andar. Percebi que aquela voz não me era estranha, mas naquele momento não atinei de onde.

Resolvi perguntar ao ascensorista quem era aquela pessoa que acabara de descer comigo no elevador. Disse-me assim: ' Ele é o ator Vicente Lia, que interpreta o papel de "Juvêncio, o justiceiro do sertão”. Enfim, aí caiu a ficha, mas na minha imaginação, pela voz, achei que não combinava. Isto é, pela impostação de voz, pensava eu que o ator fosse uma pessoa de porte físico avantajado e bem alto.

Historia postada por J.C. Oliveira, no site 'São Paulo, minha cidade', em 28 October 2008;
e-mail do autor: tangerynus@gmail.com

Verdade, sim, naquele tempo essa novela de radio era muito ouvida e comentada. Lembro-me bem que era sempre quase noitinha e durava não mais que 15 minutos. Quanto tempo já passou, mas nunca me esqueci. Naquela época as coisas eram bem mais difíceis de se conquistar; a carestia era feroz, meu pai era humilde operário da Cia. Melhoramentos de São Paulo e vivíamos com muito pouco. Mas meu pai nunca faltou com seus compromissos, tanto é que devo a ele e minha mãe o pouco ou o muito que consegui.

postado por Oswaldo João della Betta, em 8 December 2010 - vardinho48@yahoo.com.br

Sim, eu tinha 15/16 na época e trabalhava no Laboratório Novotherapica Bracco, na Rua Pedroso de Morais, no Alto de Pinheiros; diariamente eu entregava amostra-grátis de remédios em consultórios médicos em vários bairros; eu sempre me esforçava para chegar em casa na hora da novela do 'Juvêncio'. Gostava muito das musicas que eram tocadas na novela. Bons velhos tempos!

postado por Hugo Villar, em 22 December 2010 - hugovillar1@gmail.com

Em 1962, eu ouvia a história de "Juvencio, o justiceiro do sertão, pela Radio Difusora de Maringá, em 970 kc (quilociclos). Não era bem uma novela pois passava às 6:45 hrs. da tarde em capítulos que duravam de 7 a 8 minutos por dia. Lembro-me que eu ouvia num radio grande de mesa de marca Pioneer, o qual tinha uma pilha de aproximadamente 6 a 7 quilos. Para mim, Juvêncio era a história que mais me atraía naquela época.

postado por João Marino Delize, em 19 June 2011 - jmarinodelize@hotmail.com

Anos 60, Sitio Santa Margarida, Dourado-SP; lá não existia energia elétrica; a principal diversão de meu avô, meu pai, minha mãe e 5 irmãos, era as 18:00, ligar um rádio (caixão de abelha) a bateria e ouvir atentamente sem nenhum pio as aventuras de 'Juvêncio o Justiceiro do Sertão' e seu amigo Juquinha contra os bandidos que atacavam os mais humildes. Para nós isso era tudo! Quando os bandidos prendiam o Juvêncio e o Juquinha a gente chegava até a chorar e rezar por eles. Bons tempos.

postado por Antonio Paulo Calderon, em 22 August 2011 - antoniocalderon@uol.com.br

Obrigado pelo comentário, Tangerynus. Esta é uma das boas lembranças da minha infância. Brincávamos na rua, eu e meus 4 irmãos, e só entrávamos em casa por volta das 17:30 para tomar banho e ficar colado no rádio para ouvir as estórias do Juvêncio e do Juquinha. Estava há pouco conversando com minha filha Bruna e relembrando os bons momentos que passávamos ouvindo cada episódio. Aquilo era uma viagem: imaginávamos o Juvencio viajando pelo sertão, junto com seu amigo Juquinha, enfrentando os bandoleiros. Só ficava triste quando ela soltava aquela frase: "Um momento, Cabra!!"e tocava aquela música anunciando que o episódio daquele dia chegara ao fim. Procurei em YouTube, Google etc. mas não consigo encontrar nada gravado daquela época, por isso, peço a gentileza de que, se você souber da existência de algum arquivado guardado, que me avise, ok? Mais uma vez obrigado. Isaias Mello.

postado em São Paulo, minha cidade em 21 September 2012 - isaias.mello@gmail.com

Tema Musical de 'Juvêncio, o Justiceiro do Sertão'.

Em maio de 1968, quando a 'novelinha' já não era mais a sensação de antes, Juvêncio ganhou uma revista em quadrinhos pela Editora Prelúdio, a mesma que editava a Revista Melodias, sendo desenhado por Sergio Lima, Rodolfo Zalla, Eugênio Colonnese e Edmundo Rodrigues, com roteiros de Gedeone Malagola, Helena Fonseca, R.F. Luchetti e Fred Jorge, além do próprio Reinaldo Santos, seu criador.

O tema musical de 'Juvêncio, o Justiceiro do sertão', cantada por Ted Jones, foi gravado na Chantecler em 1959, em disco de 78 rpms de Nº 78-0180. No ano seguinte a Chantecler, dirigida artísticamente por Diogo Mulero aka Palmeira, incluiu o 'Tema de Juvêncio, o Justiceiro do Sertão' no long-playing “Terra Sempre Terra”, em homenagear ao programa sertanejo de mesmo nome da  Rádio Piratininga de São Paulo.

O programa era produzido por Miguel Leuzzi, dirigido por Reynaldo Santos, com a participação de Vicente Lia, que protagonizava o Juvêncio na novelinha de 15 minutos que ia ao ar antes da 'Hora do Brasil'. Ali se apresentavam Os Três Boiadeiros, Trio Sul a Norte, Tangará , Pavão do Norte; alí se projetou Zé Fortuna & Pitangueira, e onde surgiu, em 1959, sob a proteção de José Fortuna, o saudoso Duo Glacial.

Em 1960, Ted Jones gravou um 2o. disco de 78 rpm, de No. 78-0320, no qual usou seu nome verdadeiro, Augusto Saraiva.
Author João Paulo Cardoso Silva wrote radio-dramas for Radio São Paulo and also wrote 'Sinhá das Dôres', a country-flavoured tele-novela which were broadcast on Wednesdays and Saturdays at TV Paulista, Channel 5. Revista do Rádio, 1952
João Paulo Cardoso Silva talks to 'Revista do Radio' about his work at TV Paulista in 1952



Café dos Artistas

O 'Café dos Artistas' ou simplesmente 'Café' era um ponto de encontro de artistas e empresários circenses que acontecia no dia de folga da categoria, segunda-feira. Era já uma tradição em vários lugares do Brasil. Em São Paulo começou no antigo Largo do Rosário (atual Praça Antonio Prado) e já nos anos 1900s mudou-se para o Largo do Paissandú, sendo que o 'Café' poderia ser esse aí da foto, esquina do Largo com a Avenida São João, ou no restaurante Ponto Chic, bar Juca Pato, 518 (esquina da rua Dom José de Barros) - enfim todo o quadrilátero abrangendo o Largo do Paissandú, Avenida São João até o cruzamento com a Avenida Ipiranga. Empresários, agentes culturais e donos de circos de todo Brasil procuravam artistas ali para trabalhar em seus espetáculos. 

No início dos anos 1980s, com a redução de circos pelo Brasil, o Café se esvaziou, havendo apenas um reduzido número que se encontra às 2as. feiras na Galeria da rua Dom José de Barros. 

Depoimento de Tito Neto em 'Minha vida no Circo' - Editora Autores Novos, S.Paulo, 1986.

restaurante Ponto Chic no Largo do Paissandú.
leia mais em: 
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/patrimonio_historico/memoria_do_circo/largo_do_paissandu/index.php?p=7141

Sunday, July 20, 2014

1957 Edifício COPAN - Avenida Ipiranga - Rua da Consolação


Edificio Copan still being built - 18 May 1957.
Edificio Copan nearly completion. 
1960
Copan's emergency stairwell...
a 40-story spiral staircase in a building on Rua da Consolação near Avenida São Luiz. 

Estrada de Ferro Cantareira

Train arriving at Estação Tremembé in 1930s. Rua Mamud Had with its houses and business; 
a wedding couple followed by their entourage walk throught the rails of Cantareira in Tucuruví to get to church on time... circa 1965.
Cantareira train crossing Rio Tamanduatei... 
Old locomotive being taken away from Estrada de Ferro Cantareira after it was shut down in 1964, for no apparent reason. Cantareira linked São Paulo downtown to Guarulhos. Even though Guarulhos has had a major international airport since the mid-1980s, it doesn't have a train service line. Well, it had it before 1964. As one can see, it seems like Brazil has gone backwards. 

Procópio Ferreira has a few last words with Helio Souto at the windown of a  train about to leave Jaçanã railway station in the 1951 Maristela production 'O comprador de fazendas' (The man who bought farmsteads).
Estação inicial Tamanduateí with a coach belonging to EFS (Estrada de Ferro Sorocabana) in 1953.
Musical combo Demônios da Garôa had a huge hit with 'Trem das Onze' (The 11:00 o'clock train) in 1964, at the queue to get a ticket to ride the train in Jaçanã
Demônios da Garôa just being silly at Jaçanã Station in 1964. 
Cine Aparecida at Avenida Jaçanã, next to Rua Nelson Mazzei, in 1954

Trem da Cantareira - an essay written by Aristeu de Campos Filho for Facebook.

transportes coletivos a Zona Norte da cidade foi servida por , a , popularmente conhecida como Trenzinho da Cantareira.

A Estrada de Ferro Cantareira aka Tramway da Cantareira foi uma ferrovia urbana de trens de carga e passageiros, que operou na Zona Norte do município de São Paulo, entre o bairro do Pari e a Serra da Cantareira (pouco adiante do bairro do Tremembé), além de um ramal que seguia até o município de Guarulhos. Iniciou no final do século 19 até 1965, já sob administração da Estrada de Ferro Sorocabana. 

Morei na Zona Norte de 1953 a 1980, mas só me recordo de nele ter viajado apenas uma vez. Na minha infância ia muito ao Centro com a família. Nossas viagens eram de ônibus e sempre cruzávamos com o trem procedente do Mercado Central, atravessando a ponte  do Rio Tietê, perto do estádio da Associação Portuguesa de Desportos, seguindo pela Av. Cruzeiro do Sul até a Estação Areal, a 1 km da Penitenciária do Estado, perto da Av. General Ataliba Leonel, já em Santana. Estando no ônibus, as vezes, o trânsito na Avenida era interrompido com o fechamento da cancela, para dar prioridade à passagem do trem.

Na Estação Areal havia uma bifurcação. Um ramal seguia à esquerda de quem vinha do Centro, cruzando a Av. General Ataliba Leonel e seguindo em direção à Serra da Cantareira, passando por Santana, Santa Teresinha, Mandaqui, Horto Florestal, Pedra Branca e Tremembé, até chegar à Cantareira

O outro ramal  seguia para à direita indo pela Av. General Ataliba Leonel, tendo à sua direita a Penitenciária do Estado. Mais à frente seguia pela Av. Luiz Dumont Villares, na época uma via mais estreita, Carandirú, Parada Inglesa, Tucuruvi, Vila Mazzei e Jaçanã, tendo como final Guarulhos, onde, após algumas estações, findava o percurso em Cumbica, onde hoje está o Aeroporto.

Minha única viagem no trenzinho ocorreu no final dos anos 50s, provavelmente em 1958, quando morava na Rua José Oswaldo, 17, na Vila Gustavo, proximidades do Parque Rodrigues Alves e da Parada Inglesa.

Aos domingos a Família Campos se deslocava para a Água Fria, mais precisamente para a Rua Mariquinha Vianna, 396, onde moravam meus avós paternos, e pra lá nós embarcávamos no ônibus 58-Parada Inglesa/Anhangabaú, linha operada pela Empresa Auto Ônibus Parada Inglesa. Descíamos na Rua Doutor Zuquim e embarcávamos no 59-Água Fria/Praça do Correio, linha operada pela CMTC - Companhia Municipal de Transportes Coletivos. Descíamos do 59 em frente ao Cine Vera, na esquina da antiga Estrada da Água Fria (atual Avenida Água Fria) com a Rua Mariquinha Vianna, de onde caminhávamos 400 metros até a casa de meus avós.

O trenzinho passava frequentemente nos fundos da casa, chamando a atenção de dois garotos (Ariovaldo (4) e Aristeuzinho (7), que corriam para o quarto de nosso tio Waldemar (solteiro, irmão de nosso pai), para ver a passagem da “Maria Fumaça”.

Houve um único domingo em que o roteiro foi alterado. Descemos do 58 perto da Estação Areal, onde embarcamos no trem, desembarcando na Estação Mandaqui, perto do Hospital Geral, ao lado da feira livre e a cerca de 500 m da casa de nossos avós. Foi uma viagem mais demorada do que seria a de ônibus, mas deveras marcante na memoria deste contador de histórias.

Antes de encerrar suas atividades, a ferrovia ainda serviu de inspiração para Adoniran Barbosa compor o célebre samba “Trem das Onze”, que ficou em 1o lugar absoluto nas paradas de sucessos em 1964

Saturday, July 19, 2014

RADIO INDUSTRIAL PAULISTA

Radio Industrial Paulista was a small radio station beaming from its studios at Rua Butantã (see the picture below) in Pinheiros, a suburb in the city of São Paulo. It had a faithful following around the few miles its waves would reach. Radio Industrial Paulista made a difference in the early 1960s. It was mostly a young people's station playing rock'n' roll and pop tunes. 

In April 1964, Brazil was the victim of a Military Coup that destroyed our democracy and from then on things became really bad. Four years later, there was a coup within the coup and Brazil was plunged into total Darkness.  Radio Industrial Paulista was another victim of such lunacy and disappeared from the waves... along side with Radio Piratininga, Radio Marconi, Radio 9 de Julho and others.
Rua Butantã, 128, 3o. andar - in 2013.

Radio Industrial Paulista era uma rádio que tinha seus estúdios na Rua Butantã, 128, 3o. andar a um quarteirão do Largo de Pinheiros, quando esse tinha um balão para a virada dos bondes que desciam a rua Theodoro Sampaio, fazendo seu ponto final-inicial ali.

RADIO INDUSTRIAL PAULISTA 1370 khz
Rua Butantã, 128, 3o. andar 
Pinheiros 
fone: 80-5110

Era uma radio de  pouca potência e servia a região de Pinheiros, Vila Madalena, Itaim, Vila Nova Conceição, Caxingui. Talvez suas ondas chegassem até Santo Amaro e Osasco, que até 1962 era apenas um bairro de São Paulo.
Radio Industrial Paulista era uma radio eminentemente jovem, tocando musica popular a maior parte do tempo. Seus locutores liam os anúncios 'ao vivo' de casas comerciais da região de Pinheiros - me lembro especificamente de uma retífica de motores situada à rua Vital Brasil e de lojas da rua Theodoro Sampaio  - tendo ao fundo temas musicais retirados dos LPs de Ray Conniff, notadamente 'My heart stood still' de 'S Hollywood, lançado em 1958.

Ruy Marcos era um dos DJs principais da rádio, dirigida por Olavo Molina. O prefixo da emissora era sempre apresentado ao som da introdução da gravação de 'Noite cheia de estrêlas', tocada magistralmente pelo guitarrista Poly, mega-sucesso de 1960. O speaker Ruy Marcos dividia suas atividades entre a Industrial e a Radio Cultura, que naquele tempo era de propriedade de Assis Chateaubriand e suas Emissoras Associadas.

Notas publicadas na Revista do Radio, seção 'São Paulo não para!' do jornalista Mario Julio entre 1960 e 1964:


A Radio Industrial Paulista lançou a novela 'Os céus não perdoam' de Odair Menezes. 

Patricia Ribeiro, anunciadora da TV Excelsior, é responsável pelo 'Programa Feminino' , irradiado diariamente pela Radio Industrial Paulista. 

'Sabatina Musical' é um bom programa de Silvio Penha, transmitido pela Radio Industrial Paulista, aos sábados, às 14 horas. (1963 - Rita Pavone no. 1 em LPs).

Silvio Penha realizou a proeza de fazer a Radio Industrial Paulista ser ouvida. 

Com a apresentação de Amaro Gonçalves e produção de João Fernandes, a Radio Industrial Paulista apresenta diàriamente o programa 'Horas Portuguêsas', dirigido à grande população de origem portuguêsa que vive nas imediações de Pinheiros, Vila Madalena e outros lugares da Zona Oeste alcançados pelas ondas da Industrial Paulista. 

Artigo do radialista Enzo de Almeida Passsos na 'Revista do Rock' de 1960, cita que Sergio Murilo (aí na foto com Neil Sedaka e Carlos Imperial no Rio de Janeiro) participou do programa de Sylvio Penha, na Radio Industrial, às 21 horas, atendendo brotos pelo telefone, conversando e tocando seus discos.
Compato-simples de Carlos Galhardo (1964), que pertenceu à Discoteca da Radio Industrial Paulista.
Single da Mocambo, de Petula Clark exibindo o carimbo da Radio Industrial Paulista. 

Radio Industrial Paulista simplesmente desapareceu das ondas hertzianas algum tempo depois da decretação do Ato Institucional no. 5 - que não era o perfume da Chanel, mas cassou várias emissoras de São Paulo.
'Gazeta de Pinheiros' começou publicação em 1956, capitaneada por Durval Quintiliano de Oliveira e Walter Luiz Evangelista, fazendo de Pinheiros um bairro privilegiado, tendo não só um jornal, mas uma emissora de radio.

Pesquisando a Internet, encontrei referência à Radio Industrial Paulista feita no blog de Lafayette Hohagen, cujo link está abaixo. Ele fala de uma Radio Industrial Paulista bem diferente da qual conhecíamos entre 1961 e 1964. Ele diz que a Radio tinha uma programação voltada à colônia nipônica. Isso, talvez, tenha acontecido entre 1965 e 1968, quando, segundo Hohagen, a Radio mudou de nome e se transformou em Radio Apolo, saindo de Pinheiros para se alojar na Pça. Osvaldo Cruz, na Avenida Paulista. 

http://contosdolafa.blogspot.com.br/2009/08/1969radio-apolo.html

no blog 'Contos do Lafa', Lafayette Hohagen se refere à Radio Industrial Paulista. Vai, aí, parte do texto:

São poucas pessoas que conheço, que ouviram falar na Radio Apolo. Até, talvez, se lembrem da Radio Industrial Paulista. Na verdade trata-se da mesma emissora. Radio Industrial Paulista, tinha sua sede no bairro de Pinheiros e sua programação era voltada à colonia nipônica. Sucessos musicais, noticiários e anunciantes de produtos orientais preenchiam os horários da emissora, que era dirigida e de propriedade de japoneses. Quando passou a se denominar Rádio Apolo, fazendo alusão às naves espaciais tripuladas de 1968 e que em 1969 alcançou a lua, mudou de endereço e de personalidade. Foi para a Praça Oswaldo Cruz e eliminou a programação nipônica. A pequena Rádio Industrial Paulista preparava-se para crescer.

Lafayette Hohagen, 24 Agosto 2009.
Radio Industrial Paulista situava-se no 3o. andar desse sobradinho na rua Butantã, 128, em Pinheiros. 
Em 2013, essa região está deteriorada e abandonada, mas o sobrado da antiga Radio Industrial Paulista ainda sobrevive. 
Subindo essas escadas, se chegava ao 1o. andar; havendo ainda dois lances para se chegar ao estúdio transmissor da Radio Industrial Paulista no 3o. andar. 

História da Radio Industrial Paulista 

Na verdade, a Radio Industrial Paulista, cuja 'mãe' era a Radio Difusora de Iguape Ltda., foi dada autorização para mudar seus transmissores para Osasco, que então era um distrito da cidade de São Paulo. A autorização de funcionamento da Radio foi publicada em Novembro de 1957, mas a Radio em si só começou a funcionar em 1960, transmitindo de um estúdio na Rua Butantã, em Pinheiros.

Decreto nº 48.280, de 9 de Junho de 1960

Outorga concessão à Rádio Difusora de Iguape Limitada, para instalar uma estação radiodifusora.
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, nº I, da Constituição, atendendo ao que requereu a Rádio Difusora de Iguape Limitada e tendo em vista o disposto no art. 5º, nº XII, da mesma Constituição, decreta: 

     Art. 1º Fica outorgada concessão à Rádio Difusora de Iguape Limitada nos têrmos do art. 11 do Decreto número 24.655, de 11 de julho de 1934, para estabelecer, na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, sem direito de exclusividade, uma estação de ondas médias, destinada a executar serviço de radiodifusão. 

     Parágrafo único. O contrato decorrente desta concessão obedecerá às cláusulas que com êste baixam, rubricadas pelo Ministro de Estado dos Negócios da Viação e Obras Públicas, e deverá ser assinado dentro de 60 (sessenta) dias, a contar da data da publicação dêste decreto no Diário Oficial, sob pena de ficar sem efeito desde logo, o mesmo decreto. 

     Art. 2º Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, em 9 de junho de 1960; 139º da Independência e 72º da República.

Juscelino Kubitschek  
Ernani do Amaral Peixoto

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 10/06/1960.
Publicação:  Diario Oficial da União - Seção 1 - 10/6/1960, pagina 9013 (publicação original).

Nnota na Revista Melodias de 1969, sobre a compra da Radio Industrial Paulista por Koei Okuhara, Helio Hohama e Takao Miyagui.

Artigo de Daniel Castro, publicado na Folha de S.Paulo de 26 Julho 1999, segunda-feira, esclarece a história da Radio Industrial Paulista de São Paulo

leia tudo em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc26079908.htm

Deputado José Masci de Abreu, do PSDB-SP tem 3 rádios clandestinas

José Masci de Abreu, do PSDB-SP, alugou emissora considerada a maior pirata de São Paulo para igreja. 

Dono da Radio Atual AM (1.370 Khz), o deputado federal José Masci de Abreu (PSDB-SP) mantém 3 emissoras irregulares, que não têm concessão do governo federal que as autorize a funcionar. 

Em sociedade com o irmão Paulo Masci de Abreu, o deputado mantém as rádios 94.1 FM (94.1 Mhz) e Apolo AM (1.230 Khz), em São Paulo, e a Difusora de Iguape (750 Khz), em Registro, a 185 km a sudoeste da capital. Todas são consideradas clandestinas, ou piratas, pelo Ministério das Comunicações. 

Paulo de Abreu também é dono da Comunicações Brasil Sat (CBS), que controla, só na Grande São Paulo, cinco emissoras não-clandestinas de FM (Scalla, Tupi, Alpha, Kiss e Apolo) e três de AM (Tupi, Iguatemi e Mundial).

A mais importante das emissoras irregulares dos irmãos Abreu é a 94.1 FM, com antena na esquina da Avenida Paulista com rua da Consolação.

A 94.1, que já se chamou Apolo FM (atualmente na frequência 104.1 Mhz) e que hoje está alugada para a Igreja Pentecostal Deus é Amor, é a maior rádio clandestina do EStado, com potência de 20 mil watts e cobertura total na Grande São Paulo. A maioria das rádios piratas opera com 50 watts, com cobertura de 5 km de raio, e as 'legais', com concessão, tem transmissores de mais de 50 mil watts.


A 94.1 FM está no ar desde 1996. Em janeiro de 1998, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigá-la, mas não pode fechá-la devido a uma liminar.

Existem cerca de 6.000 rádios clandestinas no Brasil, das quais 1.200 estão na Grande São Paulo, segundo estimativa do Fórum Democracia na Comunicação, entidade que as congrega.

São clandestinas, ou piratas, todas as emissoras que não possuem outorga, a autorização do governo para funcionar. A atividade é considerada crime pelo decreto 236/67, com pena de até dois anos de reclusão.

Entre as piratas, há pelo menos dez de grande alcance, que são captadas com qualidade por qualquer aparelho em pelo menos duas regiões de São Paulo. Entre elas, as mais potentes são, além da 94.1 FM, a Planeta 90 (90.1 Mhz), com 10 mil watts, e a Nova Visão (98.9 Mhz), com 1.500 watts declarados pela própria emissora.

Rádio fechada

O caso da 94.1, no entanto, é diferente porque José de Abreu diz que ela é o restabelecimento de uma rádio fechada em 1974, a Difusora de Iguape. Ou seja: seria a reabertura, 22 anos depois (em 1996), de uma concessão extinta.

Difusora de Iguape, criada em 1949, de fato obteve permissões para operar em São Paulo em ondas curtas (AM) e em frequência modulada (FM). Foi vendida por Olavo Molina e Maria Frank, seus donos originais, em 1969, para Koei Okuhara.

Segundo os filhos de Molina, Okuhara morreu antes de pagar todas as parcelas da operação, e os herdeiros de Okuhara a revenderam para José e Paulo de Abreu, que assumiram a emissora e mudaram seu nome para Apolo.

Molina, então, entrou com uma ação na Justiça Cível de São Paulo, tentando reaver a rádio, mas perdeu para os Abreu. A emissora, oficialmente, continuava em nome de Molina e Maria Frank.

Por causa da disputa judicial e temendo que a filial de Registro fosse tomada pela guerrilha de esquerda, o governo decretou a extinção da concessão da Difusora de Iguape em 6 de março de 1974.

Em dezembro de 1996, os irmãos Abreu registraram na Junta Comercial de São Paulo contrato pelo qual Olavo Molina e Maria Frank lhes vendiam a emissora. O contrato é datado de 7 de março de 1974, um dia após a extinção da concessão, e é considerado falso por perito (leia texto abaixo).

Desde 1996, José de Abreu fez pelo menos duas tentativas de legalizar as emissoras clandestinas no Ministério das Comunicações.

Em 1997, ele conseguiu uma liminar na 1ª Vara da Justiça Federal de Brasília impedindo que as rádios fossem fechadas. A ação principal, que irá decidir se a concessão cassada em 1974 deve ser restabelecida, aguarda sentença.

Folha de S.Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 1999

Contrato é falso, diz perito 

O contrato pelo qual o deputado federal José de Abreu e seu irmão Paulo de Abreu teriam comprado a Rádio Difusora de Iguape é falso, segundo o perito Celso Del Picchia, do Instituto Del Picchia.

Os filhos de Olavo Molina, sócio original da emissora, também afirmam que o documento é falso. 'Meu pai jamais venderia a rádio para os Abreu. Ele os odiava', diz o advogado Luiz Antonio Fry Molina, 45. Olavo Molina morreu em dezembro de 1997. 

A pedido da Folha, o Instituto Del Picchia analisou o contrato e emitiu um relatório pericial. O relatório conclui que o contrato é falso baseado em três elementos: a assinatura de Molina, as datas constantes no documento e a identificação das testemunhas (veja quadro acima). 

O contrato de transferência de cotas para novos sócios, Paulo e José de Abreu, é datado de 7 de março de 1974, dia em que o 'Diario Oficial da União' publicou o decreto que fechava a rádio. Na mesma página, dois parágrafos acima, o documento faz referência a legislação posterior a 1974: a lei no. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e o decreto 82.482, de 24 de outubro de 1978.

Isso, segundo o perito Celso Del Picchia, caracteriza 'anacronismo intransponível', quando 'o futuro invade o passado'. 

O Instituto Del Picchia comparou a assinatura de Olavo Molino no contrato com a de seu RG, emitido em fevereiro de 1997. 

Apesar do intervalo entre a data do contrato e a da expedição do RG, Del Picchia conclui que a assinatura de Molina no documento de venda da emissora é falsa. Segundo Del Picchia, a assinatura do RG e as do contrato 'foram emitidas por punhos diversos'. 

O 'O' de Olavro no contrato lembra a letra 'C' e tem remate (final) para a esquerda, enquanto o 'O' do RG tem remate para a direita.