Tuesday, May 31, 2016

Odayr Marzano radio-drama heart-throb

Odayr Marzano was the closest São Paulo radio-theatre got to a heart-throb. He had a beautiful manly voice which made him perfect for romantic heroes' parts at the long-drawn series. He was blonde and had blue eyes.
Artigo tirado da revista 'Radio-Teatro' de 21 Maio 1952.

Odayr Marzano em 6 anos de profissionalismo, conseguiu tornar-se um dos intérpretes de radio-teatro de maior cartaz em São Paulo. É um moço de 22 anos, imberbe, de olhos claros, cabelos loiros e voz simpática.

Marzano nasceu em 20 de julho de 1929, em Botucatú-SP. Em 1945, aos 16 anos, entrou para a emissora local, onde começou como locutor. No entanto sonhava com a grande cidade e foi para São Paulo mandado pelo pai, com a recomendação: 'Nada de radio!'.

Em São Paulo estudou até o terceiro ano do curso Científico, mas não resistiu, e quando uma emissora abriu as inscrições para um concurso de locutores, inscreveu-se... e ganhou.

O RADIO TEATRO

Em 1949, um galã da Radio São Paulo transferiu-se para o Rio de Janeiro e deixou uma vaga na emissora e uma lacuna no coração das fãs. O melífluo namorado de mil heroínas foi substituido por aquele rapazinho que tinha vindo de Botucatú, chamado Odayr Marzano, que começou a tomar parte na programção maciça de novelas de 20 capítulos em que a Radio São Paulo se especializou e fêz um sucesso incrível.

As ouvintes se retorciam em casa, ouvindo sua voz adocicada, as declarações de amor que ele fazia ao microfone e começou a chover cartas, chegando a 100 por dia. Quando a emissora anunciava uma história nova o auditório se enchia. Todas queriam conhecer o dono da voz romântica. Odayr Marzano ganhou fama e dinheiro.

Odayr Marzano - Maio 1952.
Odayr & Stella on 11 February 1950 their wedding day. 

O CASAMENTO DE VERDADE

Com tantas fãs, era natural que um dia Odayr encontrasse uma namorada, que se tornaria noivo, uma, duas, trêz vezes, depois acabasse se casando. E foi o que aconteceu. Namorou, noivou e no dia 11 fevereiro 1950, o galã casou-se. Quando chegou na igreja da Consolação havia uma pequena multidão esperando-o. As fãs já haviam 'depredado' outros noivos por engano. Tiraram o véu de uma noiva. Quando os padrinhos do artista viram aquela assistência que não tinha sido convidada, ficaram brancos, prevendo o barulho. 'Como foi isso?' interrogava o padrinho Waldemar Ciglione – também galã de radio-teatro – 'nós não anunciamos o casamento! ' Mas a admiração do padrinho não afugentou as fãs e os futuros sogros do astro, apavorados, tiveram de passar por aquela.

Odayr foi atacado pelas garôtas que invadiram a igreja, provocando a indignação do Monsignor Bastos. O público mudou os bancos da igreja, subiu no pulpito, escorou-se nos altares, uma desordem incrível. Resultado: Odayr Marzano não pôde casar direito. Monsignor Bastos ficou furioso e disse que nunca mais casaria artistas de radio, principalmente cartazes.

Depois disso muitas coisas aconteceram, o galã transferiu-se para a Radio Nacional de São Paulo, nasceu-lhe uma filha e comprou um Chevrolet.

COMO É?

Ah! isto é uma coisa que as fãs sempre perguntam. Pois bem, Odayr Marzano é um moço claro e alto, fala manso, calça sapatos no. 39, gosta de azul e cinza e mora na rua Luiz Anhaia, no Alto de Pinheiros. O repórter perguntou a ele que tipo de mulher prefere, mas o galã de tantas histórias românticas, pôs dois dedos nos lábios em sinal de silêncio. E explicou: 'Diga o que quiser sobre isso, mas não me meta em apuros. Minha senhora é ciumenta e não quero complicações'. Mas depois de uma pausa, informou: 'Prefiro as bonitas, ouviu?'

Odayr Marzano já escreveu novelas para a Radio São Paulo. Gosta de ler e aprecia particularmente, Machado de Assis, Humberto de Campos Monteiro Lobato. Em música adora Tschaikowsky. É um moço simples.  E que voz, heim?!

revista Radiolar # 36 de Maio 1953 mostra casamentos dos astros e estrelas da radio-novela. Acima à direita, foto do casamento de Odayr Marzano & Stella; Radiolar #12 março 1951 mostra Odayr Marzano, Stella e a filhinha Vera Lucia. 

Maria Tereza Luizzeto Alves de Lima who moved to Pinheiros and Vila Madalena in 1948 wrote on 31st March 2011, at 'São Paulo minha cidade':

Minha madrinha morava na Rua Fidalga, na Vila Madalena. A Vila era maravilhosa, começando pelas placas das ruas, que eram de cor vermelha invés das costumeiras azuis.

Um dia, minha irmã Zizinha, descobriu que um galã de novelas morava na rua Luiz Anhaia, uma rua de um quarteirão apenas, começando na rua Aspicuelta e terminando na rua Wizard. Chamava-se Odayr Marzano, um jovem de aproximadamente 20 anos, loiríssimo de grandes olhos azuis, estatura média, bonito como ele só.

O Odayr atuava na Radio São Paulo, uma emissora do grupo de Paulo Machado de Carvalho que tinha seus estúdios na Alameda Barros e era dedicada a radio-novelas. Ela tinha uma audiência enorme!
wife Stella, daughter Vera Lúcia & Odayr Marzano in 1951. 
14 March 1950, Tuesday, Correio Paulistano - Enio Rocha, Odayr Marzano & Waldemar Ciglioni star in Dulce Santucci's 'Uma vida e tres amores' (One life and three lovers) on Mondays, Wednesdays & Fridays at 9:00 pm on Radio São Paulo; 'Revista do Rádio' no.151 (1952) says Olga Navarro & Odayr Marzano are the leading actors in Carlos Gutenberg's 'Alma em suplício' broadcast by Radio Nacional Paulista on Mondays, Wednesdays & Fridays at 8:00 pm.
Délio Santos, David Conde & Odayr Marzano in action at 'Estação 21, Rua 49' adapted for TV by Marzano himself in 1956
Marzano plays Carlos at a radio-drama at Radio São Paulo in 1949 (Radiolar); Odayr Marzano & Cacilda Lanuza in 1956.
15 October 1955, Saturday - Correio Paulistano - Odayr Marzano in Marcos Rey's 'Ter ou não ter' with Lourdes Rocha, Edson França, Walter Avancini at TV Paulista; 3rd December 1955, Saturday at 9:30 pm José Castellar's 'À procura de Silvia' with Odayr Marzano, Yara Lins and great cast.
27 October 1956, Correio Paulistano - Lima Barreto's 'Clara dos Anjos' adapted by Alavro Moya with Lourdes Rocha, Nhô Zé etc.; Odayr Marzano & Eloísa Mafalda in 'Pássaro na gaiola', a play produced by Marcos Rey in 1956; Revista do Rádio no. 339.
Janete Gayer & Odayr Marzano in Eny Autran's 'Ensaindo Romeu & Julieta' in 1956, at TV Paulista (Radiolândia); 'A tragédia de Mayerling' based on Austria's Prince Rudolf's murder of his 17 year-old mistress followed by his suicide in 1889 suicide. Odayr plays the tragic Prince; Ruth Schelske, Roberto Maya, Gervasio Marques & Lucy Meirelles are also in the cast; beamed on Saturday, 22nd June 1957
8 June 1957 - Marzano tops the cast in 'Festim diabólico' based on Alfred Hitchcock's 1948's Warner Brothers movie 'Rope' based on the 1929 play of the same name by Patrick Hamilton


Odayr Marzano declama no interlúdio de 'Creio em ti' [I believe] gravação de Francisco Egydio para a Odeon.
Odayr Marzano na revista 'Radiolândia'.
'Oh! Carol' b/w 'Um milhão de vezes'.
Odayr Marsano writes 'Um milhão de vezes' a rock-ballad he shared with DJ Paulo Rogerio. Flip-side of Neil Sedaka's 'Oh! Carol' which went straight to #1 in early 1960
Wilma Bentivegna e seu troféu 'Chico Viola' de 1961, que recebeu pela vendagem de 'Folhas verdes de verão'. Note que Wilma 'esnobou' a TV Record em 1959, não comparecendo à cerimônia de entrega do 'Chico Viola' 1959, que ela tinha sido agraciada pelas vendagens de 'Hino ao amor', versão de Odayr Marzano.

Sunday, May 29, 2016

PRA-5, Radio São Paulo / Walter Forster - Urbano Reis - Isaura Marques

revista Radiolar #4 - June 1950 - Walter Forster radio & TV actor. 

Walter Forster, o índio loiro da Taba (Radio e TV Tupi)

Walter Gerhard Forster nasceu em 23 Março 1917, em Campinas-SP, filho de Ida e Jacob Forster. Irmãos: Ilse Forster Holtmann, Alice Forster Hilkner, Eduardo Forster, Ludwig Forster e Reinaldo Forster, pela ordem cronológica. 

Quando era menino tinha apelido de Cartola – não sabe porque.  Sentiu grande orgulho quando soube que era tio da linda Daisy, a primeira sobrinha. Tinha então, 12 anos em 1929. A pior lembrança que tem desse tempo é quando fumou o primeiro cigarro e sentiu horrível disposição e ainda por cima apanhou em casa. Lembra-se que foram os únicos ‘tabefes’ paternos que recebeu na vida. Hoje (junho 1950) fuma Continental e Philip Morris, isso fora o cachimbo... e se sente bem.

Gostava de brincar de ‘troça’ na rua com os companheiros. Sempre foi o ‘guidão’. Guiava caminhão aos 12 anos.

Estudou na antiga Escola Alemã de Campinas e no Ginásio Estadual de Campinas. Botou calças compridas aos 13 anos... e por sinal que eram as calças do irmão mais velho. Era um ‘pirolão’ nessa idade. Seus pais achavam que ele teria futuro na Odontologia. Hoje em dia ele reconhece que não teria paciência para viver essa profissão.

revista Radiolar #4 - June 1950 - Urbano Reis & family. 

Urbano Reis (radio producer)
Jovem e aplaudido produtor da Radio São Paulo

- Qual seu nome verdadeiro?

Braz Espósito. Sou xará de Braz Cubas, o fundador da cidade de Santos, sem o Cubas, é claro. 

Minha mãe chama-se Lucia. Tenho uma irmã de 23 anos e um irmão, Rubens, com 17. Todos me chamam por Braz. Os outros todos, inclusive minha esposa e meu filho (ele não me chama de ‘pai’) tratam me de Urbano. Aliás, é bom dizer aqui, entre parênteses, que eu sinto-me mais Urbano que Braz, embora o Braz, aqui em São Paulo fique dentro do perímetro Urbano.
- Qual é a sua melhor recordação da infância?

- Eu sou como o dom Fulgêncio. Não tive infância e por isso faço agora tudo que devia ter feito quando era pequeno. Por isso meu filho Walter Ivan não me chama de pai e sim de Urbano. Ele tem 2 anos, eu tenho 28 (nasci em 1922).
PRA-5, Radio São Paulo presents Dulce Santucci's 'Mulheres de minha vida' (Women of my life) starrin Waldemar Ciglioni, Leonor Navarro, Cecy de Alencar, Augusto Barone; on Mon., Wed. & Fri. at 9:00 pm.
Radiolar # 31 - October 1952.

Newton Sá - popular leading radio actor aka galã

Deixemos que o próprio Newton fale sobre sua vida: Meu pai era farmacêutico... à força de tanto lidar com receitas e drogas, acaba sendo um pouco médico... e sonhava para mim uma carreira de médico. Mas eu, que gostava tanto de brincar na fazenda de meu tio em Avaré-SP acabei querendo ser boiadeiro a toda força.

Nasci na cidade de Maracay-SP, em 13 Outubro 1923. Hoje tenho 29 anos e moro no Alto da Lapa com minha esposa Neusa Terezinha Araújo e nosso filhinho Jorge Newton.

- É verdade que você ingressou no radio como cantor?

- Sim. Desde criança tive queda para o canto. Com 6 anos, sob a direção de meu saudoso pai, cheguei a cantar em muitas cidades do interior do Paraná e São Paulo. E ainda me lembro de algumas canções desse tempo. E tomando o violão Newton interpretou algumas canções antigas.

Meu pai se chamava Jorge e minha mãe Yolanda Rosa Righi. A pior emoção de minha vida foi quando morreu Papai. Lembro-me ainda da sala cheia de gente, o caixão e papai. Quando me ergueram do chão para que eu o beijasse pela ultima vez, eu sorri para os presentes como se estivesse num palco agradecendo aplausos. Nunca me esquecerei desse beijo, que só depois de grande compreendi. Eu tinha então, 7 anos de idade.

Vesti calças compridas pela 1ª vez quando tinha 13 anos, e como me senti importante. Aos 12 anos eu já fumava, apesar da proibição dos adultos. Minha 1ª namorada se chamava Elizabeth. Sempre fui leitor assíduo da Tico Tico. Hoje os tempos mudaram e a gurizada quer mais ação e dinamismo. Eu acompanho esse ritmo e encarno um personagem tão do gosto da época, Capitão Atlas.

- Conte-nos como ingressou no radio, Newton.

- Foi com o cantor. Cantei no radio fazendo parte do conjunto da Radio Gazeta. Não tive sorte, não fui compreendido. Achavam que a minha voz era muito parecida com a do Orlando Silva. Isso me prejudicou. Um dia resolvi tentar a Radio São Paulo. Lá tinha um grande amigo, o Waldyr de Oliveira. Submeti-me a teste com o Augusto Bonani e fui bem sucedido. Meu 1º papel surgiu na novela ‘Vida’, de Thalma de Oliveira, positivando-se depois com o papel de galã da novela ‘O lodo e as estrelas’ escrita por Cyro Bassini.

- É verdade que o gênero radio-teatro está cansando?

- Não. A novela foi, é e será sempre a viga mestra do radio. É atacada porque é grande. E tudo que é grande provoca inveja.

- Qual é o seu passa-tempo predileto?

- Cantar, cantar, cantar. Quando não estou no radio, onde trabalho 7 horas por dia, estou em casa cantando. Também gosto de andar de bicicletas.

Arthur Miranda wrote at the same site, São Paulo minha cidade: Conheci muito o pessoal da Radio São Paulo dessa época. Tive 3 sobrinhos que trabalharam nessa famosa radio: Newton Sá, galã casado com  minha sobrinha Neusa Araujo; e o Carlos Araujo, ator central, casado com a atriz Odete Lins... e muitos amigos como Antonio Aragão, Fred Jorge (o Jaburu), Mario Dias, Gilmara Sanches, casada com Ezio Ramos, Arlete Montenegro, Enio Rocha com também o Odayr Marzano, que também fez televisão mais tarde.
Raquel Martins & Isaura Marques in 1958; Isaura Marques in 1952 (Revista do Rádio).

Friday, May 27, 2016

Radio-drama in 1951 - Cecy de Alencar

According to Wikipedia radio drama - or audio drama, audio play, radio play, radio theatre or audio theatre - is a dramatized, purely acoustic performance, broadcast on radio. With no visual component, radio drama depends on dialogue, music and sound effects to help the listener imagine the characters and story. 

Radio drama reached the peak of popularity in Brazil during the 1940s up to the mid-1950s. I remember listening to radio-drama up to 1964. My father bought a TV set in 1965 so we stopped listening to 'Juvencio, o justiceiro do sertão' on Radio Piratininga.

But we're talking here mostly of romantic radio theatre that was really popular among women of all ages. PRA-5, Radio São Paulo was king of the radio plays that stretched out for months until it reached a peak with a happy ending. Radio-drama actors and actresses were almost like royalty to thousands of women who idolized them. When they got married the churches were sometimes mobbed and scenes of hysteria would take place. 

Cecy de Alencar weds Roberto de Carvalho in May 1951 on the cover of Radiolar June issue. 
 'With this ring I thee wed...'
a crowd wait outside the packed church to have a glimpse of the newly-weds. 
Cecy de Alencar & Roberto de Carvalho. 
Roberto de Carvalho & Cecy de Alencar in their honey-moon. 
Radiolar put radio-stars' children on the cover of April 1953 issue and fans hurried to buy copies and identify the kids with their parents; on 1954 Mothers' Day, Radiolar had 2 radio-stars with their kids on the cover. Cecy de Alencar & her son Alexandre is on the right.
At Teatro de Cultura Artística in São Paulo, on 6 April 1955, there was a 3-hour-TV-extravaganza organized by TV Record, Channel 7, to award 'Roquette Pinto' trophies to the best artists on Radio and Television for 1954, voted by the members of Associação dos Cronistas Radiofônicos do Estado de São Paulo (ACRESP). 

Here are some Radio people who were awarded Roquette Pintos: Talma de Oliveira, Irvando Luiz, Ivany Ribeiro, Pedro Luiz, Murilo Antunes Alves, Virgínia de Moraes, Randal Juliano, Vicente Leporace, Maria Vidal, Waldemar Ciglioni, Cecy de Alencar, PRK-30's Lauro Borges & Castro Barbosa, orchestra conductor Armando Belardi, Gabriel Migliori, Sylvio Mazzucca, João Dias, Inezita Barroso; Torres, Florêncio & Nininho; Mario Zan, Mauricy Moura and Juanita Cavalcanti who was chosen as Queen of Radio for 1954. 

There were some of the best TV people: Luiz Arruda Paes, Marcia Real, Helio Ansaldo, Lia de Aguiar, Arrelia (clown), Dionísio Azevedo, Odete Lara, Durval de Souza and Wilma Bentivegna
'Radiolar' no.09, 1950 - with Waldemar Ciglioni & Cecy de Alencar in Dulce Santucci's 'Women of my life' (Mulheres da minha vida) broadcast on Mondays, Wednesdays & Fridays at 9:00 pm on Radio São Paulo's 'Teatro do Romance'.
'Radiolar' of December 1953, publishes an article about Cecy de Alencar and her son Alexandre de Carvalho. 
Alexandre de Carvalho, the prince who came to charm his parents & grandparents... 
Fred Jorge writes about Cecy de Alencar and her beloved son Alexandre, who was baptized by the author himself. 

'O beijo mais caro'; Cecy de Alencar, a querida heroína da PRA-5 (Radio São Paulo) diz: 'Ser mãe é sofrer num paraíso!' 

A vida de uma heroína fora do radio é cheia de cheia de emoções como a vida de toda e qualquer mocinha, que lê romances e espera um dia encontrar seu principe encantado. Cecy de Alencar é uma dessas famosas. Dentro de seu setor profissional viveu mil e um amores nas novelas que interpretou. Mas fora do radio encontrou seu príncipe encantado na pessoa modesta e simpática de Roberto de Carvalho. Esse foi o primeiro acontecimento importante na vida da famosa estrêla que sonhou, mas não sonhou em vão. O segundo foi o aparecimento do rival. Ele tinha que surgir, como surge em todas as novelas. Sim, na história de todo amor esse terceiro tem que surgir. E se o Roberto pensou que fosse ser o único no domínio do coração de Cecy, enganou-se. Surgiu Alexandre - o grande e único. O rei do lar. 

Falar desse encanto é tolice. Não há palavras capazes de dizer do encanto e da meiguice de uma crença. E Alexandre é uma dessas creaturas que parecem ser feitas de sonho. É a alegria da vovó Isaura, do vovô Ricco e do Roberto. O menino sabe que é amado e retribui esse afeto de maneira objetiva. Inteligencia precoce e inquieta, é daquele tipo que deixa qualquer um embaraçado em certas ocasiões. Quando a Cecy está cansada e aborrecida, ele sabe passar a mãozinha no rosto da mamãe e dizer: - 'Não chole, mãezinha! Não chole, meu amor". Ah, é o que basta para Cecy ir até o céu e ficar por lá mesmo. 

O menino aprendeu a beijar muito depressa. Tem pinta de galã e usa uma técnica toda especial. Para que dizer mais sobre isso? Vejam as fotos e julguem vocês mesmos. 

Há pouco tempo o menino ficou com sarampo. Primeiro filho na primeira doencinha. Agora vocês imaginem o carnaval que os pais fizeram. Para controlar tudo surgiu a experiência da vovó, calma, serena e prestativa. Cecy e Roberto pareciam mais doentes que o menino. Preocupados e pálidos circulavam pela casa toda como dois autômatos. Quando o peito de uma creança tem um pouco de chiado, costuma-se dizer que tem 'gatinhos no peito'. Foi o que a Cecy disse ao Roberto. 

- Ele tem gatinhos no peito!

- Eu quero ver os gatinhos, mamãe!

O doutor tinha terminado o exame e estava pronto para sair quando o menino começou a dizer: 'Dá uma pinguinha p'ro doutor, paiê. Dá uma pinguinha p'ro doutor!' 

Em suma, Alexandre é um autêntico prodígio, sem favor algum. É um desses garotos maravilhosos capazes de provocar exclamações de espanto. Pode mesmo usr daqueles slogans fantásticos que dizem maravilhas de uma só pessoa, como: 'valer por uma companhia inteira', vale por uma literatura inteira e outros. Do Alexandre pode-se dizer:
- Vale por uma família inteira!. 

Radiolar #40 of December 1953
18 November 1959, Wednesday (Correio Paulistano) - Cecy de Alencar & Waldemar Ciglioni star in Fred Jorge's 'À procura do destino' on Tue., Thurs. & Saturdays at 1:00 pm. 
26 August 1959 - Clipping from 'Correio Paulistano' of Dulce Santucci's 'Passado perdido' with Ceci de Alencar, Waldemar Ciglione, Gessy Fonseca, Archimedes Messina.